A reunião com o destino
O Pai da Matilde
Não sou de ligar a essas coisas mas quis o destino que tivéssemos não só o mesmo signo oriental mas também o mesmo signo ocidental, ou seja: somos dos signos dragão e escorpião. Gosto de pensar, embora saiba da improbabilidade desse pensamento, que esse facto não foi obra do acaso. Possuirmos os mesmos signos sabendo que um é determinado pelo ano em que se nasce e o outro pelo mês é uma coincidência que é também em si improvável. O que eu sei é que me sinto ligado a ti e essa conexão vai para além do imaginável. Adoro todos os momentos contigo, sinto a tua falta em todas as tuas ausências, estou total e completamente dependente de ti e do teu amor. Eu e a tua mãe sabemos bem a menina especial que és, eu sei também que todos os pais acham isso dos filhos (e os que não acham, deviam achar), mas todos os dias de uma forma ou de outra percebemos a sorte que tivemos.
Há dois dias atrás (dia 10-01-2017) tivemos a primeira reunião na tua nova escola, uma escola pública mas uma escola familiar, onde quase todos se conhecem. Todas as escolas deviam ser como a tua escola e todas as educadoras deviam ser como as tuas educadoras.
O ano passado andaste numa escola privada que tinha boas condições mas não conseguiste num ano estabelecer as relações que estabeleceste nesta escola em poucos meses, nem com os coleguinhas, nem com as professoras, nem com as auxiliares.
A causa relaciona-se, penso eu, com os métodos diferentes de integração, de educação e de relacionamento aplicados num e noutro lado. Trocado por miúdos a diferença está nas pessoas, as pessoas são o ponto fulcral, não que umas sejam más profissionais ou más educadoras, mas há pessoas que são muito mais do que isso.
Não diria que não te integraste na antiga escola, tinhas os teus amigos e gostavas das tuas professoras, mas era diferente, muito diferente. Na tua antiga escola choravas quando te deixava de manhã (e eu todos os dias sentia-me a morrer um pouco) e o contraste do sorriso com que te vejo todos os dias a ir para a nova escola enche-me o coração.
O carinho com que te tratam (a ti e aos outros) é o exemplo mais cabal de que há pessoas que têm vocação para a profissão que desempenham, que estão no sítio certo e que não poderiam estar a fazer outra coisa. O amor e o carinho que te dão, tratando-te como se fosses delas é de uma generosidade que apenas as grandes pessoas são capazes de o fazer e faz-me ter mais fé na humanidade.
Estou e estarei extremamente grato a essas pessoas, às pessoas que te tratam bem, que gostam de ti e te fazem sentir especial.
Há dois dias atrás tivemos a primeira reunião na tua escola e mais uma vez (porque na tua outra escola a opinião era a mesma) vi confirmado, sem grande espanto, tudo aquilo que já sabia: “que cumpres as tarefas que te são confiadas”, “que aceitas as regras do grupo”, “que possuis o teu grupo de amigas com as quais gostas de conversar, partilhar brincadeiras e conseguiste criar laços afetivos fortes despertando sentimentos de ajuda e proteção”, “que participas em conversas entre pares e adultos de forma contextualizada e que verbalizas as tuas ideias”, “que aderes com interesse às atividades propostas, compreendendo o que te é pedido e cumpres o objetivo”, “que manifestas de forma espontânea gestos de carinho e que gostas também de os receber”, “que és uma criança amorosa e que estás feliz no jardim-de-infância”.
O final do registo de avaliação termina dizendo que és uma criança amorosa e não havia melhor forma de o terminar, acrescentaria talvez, na minha modesta opinião, que és total e completamente irresistível!
Tenho um lema, que espero poder passar-te um dia - a opinião dos outros vale o que vale - não nos devemos preocupar em demasia com o que os outros pensam ou dizem, mas há opiniões que valem muito mais do que as outras.
Ver confirmado por outros, e não são uns outros quaisquer, são pessoas que convivem contigo diariamente e durante bastante tempo, tudo aquilo que eu já sabia, faz-me desconfiar que não sou um pai cego pelo amor à sua filha, que apesar de tudo saberei identificar os teus pontes fortes e ajudar-te com os teus pontos fracos. O que é um facto é que em tão tenra idade enches-me de orgulho, o mérito é quase todo teu mas eu e a tua mãe devemos andar a fazer alguma coisa bem!
Amo-te tanto, tanto, tanto, tanto!