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O Pai da Matilde

Sou o pai da Matilde e ser o pai da Matilde é tudo o que quero ser.

O Pai da Matilde

Sou o pai da Matilde e ser o pai da Matilde é tudo o que quero ser.

28
Out16

O início de tudo


O Pai da Matilde

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A nossa filha nasceu e quando olho para ela o mundo fica em suspenso, o tempo pára, nada importa e tudo à volta se esbate, a visão periférica deixa de existir e estamos só os dois como se fossemos um só, como se estivéssemos numa bolha: sem ver mais nada nem ninguém para além de ti, sem ouvir mais nenhum som, para além da tua voz, sem sentir nenhum cheiro para além do teu cheiro maravilhoso, que ainda sinto e experiencio como se fosse hoje.


A história do teu nascimento foi uma história difícil. Tentámos durante alguns anos ter esta alegria, nenhuns pais deveriam ter que esperar tanto por um filho, mas a espera compensou, voltava a esperar novamente, uma e outra vez, porque a recompensa foi muito maior do que aquilo que sonhámos.
Depois de uma gravidez com alguns sobressaltos, o dia tão desejado e esperado chegou e com ele uma nova vida, a tua vida. Nasceste emergindo da barriga da tua mãe. Tive a felicidade de vivenciar essa experiência assistindo ao teu primeiro fôlego, a imagem de te ver a sair de dentro da barriga da tua mãe é algo que nunca vou esquecer. Chorei antes de ti, chorei contigo e ainda hoje choro (e acho que vou chorar sempre) quando recordo aquele momento.


A nossa bebé nasceu no dia 26 de outubro de 2012, às 15h28, com 2,910 Kg e 48 cm de comprimento, era uma 6ª feira que alternava entre períodos de sol e chuva. Chegámos ao hospital dos Lusíadas por volta das 13h30 um pouco antes da hora marcada (14h) dirigimo-nos à receção onde nos indicaram os procedimentos a ter até ao teu nascimento. A mamã foi direcionada para a enfermaria e eu fui vestir uma bata no nosso novo quarto que era o número 242, uma capicua – número que se lê igualmente da direita para a esquerda ou vice-versa e ao qual se atribui Boa Sorte – e que Sorte! Fiquei algum tempo a aguardar que me chamassem para me juntar à tua mãe, que após ter sido anestesiada com a conhecida epidural, já estava pronta para a cesariana. Nesse período de tempo, e para aliviar o nervosismo, tirei fotos e fiz vídeos para ti, porque aquele era o teu dia, o dia em que finalmente nos iríamos conhecer, o nosso dia!
As coisas aconteceram de forma muito rápida, lembro-me de ser conduzido por uma enfermeira até à sala de partos e de entrar naquela sala com um aspeto asséptico e onde estava a tua mãe deitada e coberta por lençóis brancos enquanto duas médicas, um anestesista e algumas enfermeiras faziam o que lhes competia. No tempo que estive à espera senti um misto de emoções, queria conhecer a minha menina, queria que ela estivesse bem, queria que tudo corresse bem com a tua mãe, queria ter-te nos meus braços. Confesso que o tempo que passou entre este meu nervosismo inicial e o teu nascimento foi, ao mesmo tempo, o mais longo e o mais rápido da minha vida. Não sei bem como te explicar apenas sei que foi assim que me senti.


O teu primeiro choro ainda ecoa muitas vezes na minha mente.


A primeira vez que te vi estavas coberta com um misto de sangue e secreções que em tempos te protegeram e alimentaram mas que já tinham cumprido a sua função. A tua tez era clara e o teu cabelo escuro, o teu nariz empinado e a perfeição do contorno dos teus lábios vermelhos (do mais vermelho que pode haver), os teus olhos lindos e rasgados e já atentos a tudo o que te rodeava.
Depois de te terem limpo e ainda com trabalho para ser feito na barriga da tua mãe, foste entregue nas minhas mãos que ansiavam por te tocar e, enquanto a mãe estava a ser cozida, estivemos os três à conversa por debaixo dos lençóis que bloqueavam o acesso visual ao que estava a ser completado.


Lá fora os tios e avós aguardavam por notícias, lá dentro eu tentava documentar a experiência o mais possível, para que aquele tempo não ficasse apenas na minha memória mas que perdurasse em muitas outras memórias, porque aquele era um momento épico que não devia ser só meu ou da mamã, aquele bebé iria a partir daquele momento ser acolhido e acarinhado por todos aqueles que nos pertencem e que te pertencem também.
A mamã saiu daquele quarto e dirigiu-se para o recobro, com a sua menina nos braços e providenciando o colostro essencial para a criação de anticorpos no corpo da criança, enquanto isso eu comunicava aos familiares a experiência fantástica que tinha tido e a criança linda que tinha acabado de nascer. Nestes momentos não há mais nada senão pura alegria. Esperámos com alguma ansiedade pela mamã e sobretudo por ti meu bebé, e quando vocês saíram estavam todos em pulgas para te conhecerem.

Nos dias seguintes houve muitas visitas, tantas quantas se quisesse e embora a mamã estivesse dorida, a satisfação superava toda e qualquer moinha que a carne ressentida deixava transparecer.
Nesses dias que foram o início de tudo, percebemos logo uma coisa: o amor que sentíamos por ti aumentava exponencialmente de dia para dia, fomos pais pela primeira vez e todos os momentos, todas as alegrias, todas as dificuldades significavam tudo e valiam ouro!

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